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O papel da metagenômica no estudo da microbiota intestinal

A microbiota intestinal é composta por trilhões de microrganismos que habitam o trato gastrointestinal humano, incluindo bactérias, vírus, fungos e arqueias. Esses microrganismos desempenham funções vitais, como a digestão de nutrientes, síntese de vitaminas, regulação do sistema imunológico e a proteção contra patógenos. Alterações nesse ecossistema — conhecidas como disbiose — estão associadas a diversas condições, como síndrome do intestino irritável, doenças inflamatórias intestinais, obesidade, diabetes tipo 2 e doenças neurológicas.

Com o avanço no entendimento da importância da microbiota para a saúde, cresce também a demanda por métodos mais eficazes para sua análise. Nesse cenário, a metagenômica desponta como uma tecnologia essencial, permitindo a caracterização aprofundada da composição microbiana, sem necessidade de cultivo.

Limitações dos métodos tradicionais para estudar a microbiota intestinal

Tradicionalmente, a identificação de microrganismos baseava-se em técnicas de cultivo bacteriano, seguidas por testes bioquímicos ou moleculares. Embora essas abordagens tenham sido fundamentais para a microbiologia clássica, elas apresentam limitações significativas:

  • Muitos microrganismos intestinais são de difícil cultivo ou mesmo não cultiváveis em condições laboratoriais convencionais;
  • O cultivo pode levar dias ou semanas, atrasando diagnósticos e estudos;
  • A diversidade microbiana é subestimada, já que apenas uma fração dos microrganismos presentes é detectada.

Esses desafios tornam clara a necessidade de abordagens mais modernas, rápidas e mais abrangentes para a análise da microbiota intestinal.

A Metagenômica e o Novo Olhar Sobre o Microbioma

A metagenômica é a análise genômica direta de comunidades microbianas a partir de amostras ambientais ou biológicas. Ao dispensar a etapa de cultivo, ela permite a identificação de uma vasta gama de microrganismos, incluindo aqueles que nunca foram cultivados em laboratório.

Existem duas abordagens principais na metagenômica:

  • Sequenciamento shotgun, que analisa todo o material genético presente na amostra;
  • Sequenciamento do gene rRNA 16S, focada em regiões conservadas presentes em todas as bactérias e permite sua identificação até o nível de gênero ou espécie.

O sequenciamento do 16S rRNA é especialmente relevante em estudos da microbiota intestinal por ser mais acessível e suficientemente informativo para classificação bacteriana. Com essa abordagem, é possível traçar perfis detalhados da diversidade microbiana, avaliar disbioses, acompanhar tratamentos e explorar novas relações entre microrganismos e doenças.

O papel do sequenciamento do rRNA 16S na identificação bacteriana

O gene do rRNA 16S está presente em todas as bactérias e contém regiões altamente conservadas, intercaladas com regiões variáveis. Essas regiões variáveis (V1-V9) são únicas em diferentes espécies e podem ser utilizadas para sua identificação.

Essa abordagem é rápida, sensível e economicamente viável, sendo amplamente utilizada para avaliação de disbiose, resposta a probióticos e outras terapias, e associação com doenças crônicas.

Ao amplificar e sequenciar uma ou mais dessas regiões, é possível comparar os dados obtidos com bancos de dados microbiológicos e identificar os microrganismos presentes. O sequenciamento do rRNA 16S é rápido, sensível e eficiente, especialmente em contextos clínicos ou de pesquisa onde a compreensão da microbiota intestinal é fundamental.

Kit DeepChek® para rRNA 16S: solução para uma identificação precisa e abrangente

A Mobius, por meio da linha ABL, possui o Kit DeepChek® para rRNA 16S Identificação Bacteriana V2, ideal para aplicações em sequenciamento de nova geração (NGS). O kit é projetado para análise precisa da microbiota intestinal, oferecendo:

  • Detecção sensível e específica;
  • Workflow otimizado;
  • Sistema de análise integrado (software);
  • Compatibilidade com plataformas NGS padrão.

A ferramenta é útil tanto em pesquisa translacional quanto em contextos clínicos, como:

  • Infecções intestinais de etiologia indefinida;
  • Monitoramento de transplante fecal;
  • Estudos de dieta e microbiota;
  • Avaliação de intervenções probióticas.

A microbiota intestinal e o eixo intestino-cérebro: conexões além do sistema digestivo

Nas últimas décadas, pesquisas têm demonstrado que a microbiota intestinal influencia não apenas a saúde digestiva, mas também o funcionamento do cérebro. O eixo intestino-cérebro envolve uma complexa comunicação entre intestino, cérebro e sistemas imune, endócrino e nervoso entérico.

Esse eixo envolve múltiplos sistemas, incluindo:

  • Sistema nervoso entérico, que regula o trato gastrointestinal;
  • Sistema imune, responsável por respostas inflamatórias;
  • Sistema endócrino, que libera hormônios e neurotransmissores;
  • Metabólitos microbianos, como ácidos graxos de cadeia curta e neurotransmissores (ex: serotonina, GABA).

Estudos indicam que alterações na composição da microbiota intestinal — a chamada disbiose — podem estar associadas ao desenvolvimento de transtornos neuropsiquiátricos, como depressão, ansiedade, autismo e doença de Parkinson.

A análise metagenômica da microbiota, por meio do sequenciamento do rRNA 16S, permite investigar essas associações com profundidade, auxiliando na compreensão de como intervenções alimentares, probióticos ou medicamentos podem modular o eixo intestino-cérebro. Ao revelar perfis bacterianos específicos ligados a estados neurológicos ou comportamentais, esse tipo de análise abre portas para terapias mais individualizadas e eficazes.

Impacto clínico e de pesquisa

Com o crescimento do conceito de medicina personalizada, compreender a composição da microbiota intestinal tornou-se uma peça-chave em diferentes especialidades. Alterações na microbiota estão associadas a:

  • Doenças intestinais inflamatórias (Crohn, retocolite ulcerativa);
  • Obesidade, diabetes e síndrome metabólica;
  • Doenças neuropsiquiátricas (depressão, autismo);
  • Resposta a imunoterapias oncológicas;
  • Eficiência na absorção de nutrientes e medicamentos.

Em pesquisas clínicas e translacionais, a possibilidade de monitorar mudanças na microbiota de forma não invasiva amplia significativamente o entendimento das relações entre hospedeiro e microrganismos. O uso de ferramentas como o Kit DeepChek® acelera a geração de dados relevantes e confiáveis.

O futuro da biotecnologia passa pela microbiota

A aplicação da metagenômica na análise da microbiota intestinal representa um dos avanços mais significativos da ciência biomédica nos últimos anos. Abordagens modernas, como o sequenciamento do rRNA 16S, abrem portas para diagnósticos mais rápidos, precisos e abrangentes.

Com o Kit DeepChek® para rRNA 16S da linha ABL da Mobius, laboratórios de pesquisa e clínicos têm acesso a uma solução poderosa e confiável para investigações complexas da microbiota intestinal. A combinação de sensibilidade, agilidade e precisão torna o kit uma escolha estratégica para quem deseja estar na vanguarda da biotecnologia aplicada à saúde.

Referências

https://link.springer.com/referenceworkentry/10.1007/978-3-031-35064-1_8

https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC5006193